Por Guilherme Dea
Se existe algo que mudou tão profundamente a sociedade como
um todo, isso é a internet. Não houve um instrumento que mudou tanto nossa
percepção de agir, comunicar, ver, ouvir, interagir, distribuir. Essa conexão
imediata com o mundo abriu tantas possibilidades que se é difícil decidir
escolher uma para eleger “a mais impactante”. Mas há as que se destacam.
O ciberativismo surgiu da internet. O termo se refere ao uso
da tecnologia e da internet para disseminar ideias, organizar protestos e se
erguer em favor de algum objetivo em comum. O ciberativismo possui várias
intensidades, de passar mensagens através das redes sociais com o facebook e o
Twitter até a artilharia pesada, como ataques de negação de serviço (DDoS) e
organização de protestos gigantescos. Ataques de negação consistem em acessar varias vezes o mesmo servidor, o sobrecarregando e impedindo de funcionar direito.
Alguns dos exemplos mais antigos desse tipo de atividade
incluem a utilização de envios de email em massa como forma de protesto contra a
montagem de um banco de dados da Lotus Software, no início dos anos 90. Em 1994
um grupo começou a disparar e-mails até lotarem a caixa de entrada do então
Primeiro Ministro Britânico John Major e sobrecarregar os servidores do
Parlamento. Tudo isso para protestar contra uma proposta de lei do premier que
criminalizaria festas aos ar livre. Esse evento é reconhecido como um dos
primeiros ataques de DDoS da história.
A primeira década do século 21 viu um salto gigantesco na
utilização da rede para fins ativistas, que utilizaram das ferramentas
digitais, como blogs e podcasts, para ir contra uma série de movimentos, como
as guerras no Iraque e no Irã. O verdadeiro boom viria em 2010, com a explosão
da Primavera Árabe, que nasceu nas redes sociais e se concretizou no mundo
real. Desde então vários outros surgiram na internet e se materializaram,
incluindo os movimentos Occupy nos Estados Unidos e os recentes protestos no Brasil.
A utilização destes meios é de certa forma polarizadora. Uns
defendem que a praticidade, a rapidez e o alcance das redes sociais e blogs são
poderosas o suficiente, enquanto outros rebatem, citando o baixo número de
pessoas que vão as ruas se comparando com as que protestam virtualmente. Dessa
discussão surgiram novos termos, como o “protestante de facebook”, em relação
aqueles que apenas se revoltam na rede social mas não nas ruas.
Julian Assange e Anonymous são nomes conhecidos por quem ao
menos já pesquisou sobre ativismo digital. O primeiro foi o fundador do
WikiLeaks, um site que vazou milhares de documentos confidenciais de inúmeros
países, trazendo a tona segredos militares de décadas passadas. O segundo é um
grupo, cujas identidades são desconhecidas, que frequentemente organizam novas
manifestações e atacam diretamente websites, muitas vezes através de DDoS.
Outros nomes, como Edward Snowden, vem surgindo, assim como o cidadão da
internet aos poucos se vê mais e mais envolvido com o assunto.
O poder de transmissão na internet é tão poderoso que
atualmente você pode praticamente acompanhar um protesto ao vivo em outro
continente. Você pode agir, interagir, trocar ideias, transmitir vídeos e
fatos. Não mais presos as mídias tradicionais, o ativismo digital mudou
radicalmente a balança do poder. O cidadão é tão poderoso quanto o seu governo.
Porém só o tempo dirá como esse equilíbrio afetará o modo como vivemos,
ouvimos, vemos e protestamos.
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