terça-feira, 5 de novembro de 2013

O que é Cyberativismo?



Por Guilherme Dea

Se existe algo que mudou tão profundamente a sociedade como um todo, isso é a internet. Não houve um instrumento que mudou tanto nossa percepção de agir, comunicar, ver, ouvir, interagir, distribuir. Essa conexão imediata com o mundo abriu tantas possibilidades que se é difícil decidir escolher uma para eleger “a mais impactante”. Mas há as que se destacam.

 
O ciberativismo surgiu da internet. O termo se refere ao uso da tecnologia e da internet para disseminar ideias, organizar protestos e se erguer em favor de algum objetivo em comum. O ciberativismo possui várias intensidades, de passar mensagens através das redes sociais com o facebook e o Twitter até a artilharia pesada, como ataques de negação de serviço (DDoS) e organização de protestos gigantescos. Ataques de negação consistem em acessar varias vezes o mesmo servidor, o sobrecarregando e impedindo de funcionar direito.

Alguns dos exemplos mais antigos desse tipo de atividade incluem a utilização de envios de email em massa como forma de protesto contra a montagem de um banco de dados da Lotus Software, no início dos anos 90. Em 1994 um grupo começou a disparar e-mails até lotarem a caixa de entrada do então Primeiro Ministro Britânico John Major e sobrecarregar os servidores do Parlamento. Tudo isso para protestar contra uma proposta de lei do premier que criminalizaria festas aos ar livre. Esse evento é reconhecido como um dos primeiros ataques de DDoS da história.

A primeira década do século 21 viu um salto gigantesco na utilização da rede para fins ativistas, que utilizaram das ferramentas digitais, como blogs e podcasts, para ir contra uma série de movimentos, como as guerras no Iraque e no Irã. O verdadeiro boom viria em 2010, com a explosão da Primavera Árabe, que nasceu nas redes sociais e se concretizou no mundo real. Desde então vários outros surgiram na internet e se materializaram, incluindo os movimentos Occupy nos Estados Unidos e os recentes protestos no Brasil.



A utilização destes meios é de certa forma polarizadora. Uns defendem que a praticidade, a rapidez e o alcance das redes sociais e blogs são poderosas o suficiente, enquanto outros rebatem, citando o baixo número de pessoas que vão as ruas se comparando com as que protestam virtualmente. Dessa discussão surgiram novos termos, como o “protestante de facebook”, em relação aqueles que apenas se revoltam na rede social mas não nas ruas.

Julian Assange e Anonymous são nomes conhecidos por quem ao menos já pesquisou sobre ativismo digital. O primeiro foi o fundador do WikiLeaks, um site que vazou milhares de documentos confidenciais de inúmeros países, trazendo a tona segredos militares de décadas passadas. O segundo é um grupo, cujas identidades são desconhecidas, que frequentemente organizam novas manifestações e atacam diretamente websites, muitas vezes através de DDoS. Outros nomes, como Edward Snowden, vem surgindo, assim como o cidadão da internet aos poucos se vê mais e mais envolvido com o assunto. 

O poder de transmissão na internet é tão poderoso que atualmente você pode praticamente acompanhar um protesto ao vivo em outro continente. Você pode agir, interagir, trocar ideias, transmitir vídeos e fatos. Não mais presos as mídias tradicionais, o ativismo digital mudou radicalmente a balança do poder. O cidadão é tão poderoso quanto o seu governo. Porém só o tempo dirá como esse equilíbrio afetará o modo como vivemos, ouvimos, vemos e protestamos.

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